domingo, 24 de maio de 2009

Televisão

O que a televisão fez para a Maísa?

Precisamos cuidar para que as nossas crianças possam ter o direito de serem apenas crianças,

por Lícia Egger Moellwald, publicado no sítio ig.com.br em 23.05.09.

Você é capaz de lembrar o que fazia aos seis anos? Se a sua vida era dormir, ir para escolinha e brincar, sua infância foi saudável, normal e talvez monótona se comparada com a da menina Maísa.
Prodígio e cheia de respostas engraçadas, a bonitinha estrela do programa de domingo do SBT tornou-se uma reedição pós-moderna da sensação mirim de Hollywood, Shirley Temple, ganhadora de um Oscar especial aos seis anos de idade em 1935.
A semelhança com a atriz chega a tal ponto que a menininha repetiu várias vezes no ar quando fala com o apresentador Silvio Santos "É você que acha que eu sou parecida com a Shirley Temple".
Deliciosamente irreverente, a pequena prodígio brasileira reproduzia na tela da TV, até dois sábados atrás, o sabor da infância levada e ao mesmo tempo inocente.
A menininha é tão incrível que, nas suas aparições, o espectador chegava de fato a esquecer o que é apropriado para uma criança desta idade. Fruto da exacerbação dos interesses de consumo, Maísa tornou-se aos poucos o exemplo da loucura do poder, da ambição e da falta de parâmetros quando o assunto é a exploração humana.
Pequena e frágil, a pequena precisou chorar em cena, com medo de um menino fantasiado de monstro, para expor a inadequação do seu personagem à realidade da idade e as várias formas de exploração do trabalho infantil.
Porque a menina vem chorando nas suas apresentações ainda ninguém sabe, mas o Conselho Estadual dos direitos da criança e do adolescente de São Paulo finalmente resolveu agir e investigar se a pequena vem sofrendo pressão para se apresentar.
Na minha humilde opinião, o choro da criança pode ser de sono, cansaço, insegurança e até mesmo de solidão. Presa ao palco como um animalzinho num picadeiro de circo, sob os olhares de milhares de pessoas, Maísa pode estar chorando pela sua condição de objeto de entretenimento, mas ainda ninguém sabe.
Mas o choro da menina serve de alerta para todos os pais que levam seus pequenos filhos à exaustão pelo excesso de atividades, muitos na esperança de superar, no futuro, o que ainda não conseguiram alcançar.
O fato é que precisamos cuidar para que as nossas crianças possam ter o direito de serem apenas crianças e quando tiverem medo, sono ou tristeza, sentirem-se amparadas e ajudadas. Afinal, a infância é decisiva no processo do crescimento e por isso é preciso vivê-la bem.
Para a pobre Maísa, fica a torcida para que, se for decidida a sua continuidade na TV ela venha, como Shirley Temple, a ter uma belíssima carreira como diplomata e embaixatriz – ou simplesmente que a lucidez supere a loucura e a deixem viver sua infância em paz.


Ao ler este texto, percebi mais uma razão para pôr limites... nos pais!


Sergio Batista

terça-feira, 12 de maio de 2009

Sim, minha mãe me ensinou...

Recebi este texto da Terezinha e gostaria de compartilhá-lo com vocês. Por favor, respondam.

Amigos,

Acabei de receber essa mensagem, cujo teor pode parecer radical, mas muito pertinente nesses tempos de adolescentes sem limites, frutos de uma educação permissiva. Até me provarem o contrário e me mostrarem o saldo positivo que ainda não apareceu, sou a favor dessa educação que ficou lá no fundo do tempo, quando os pais simplesmente assumiam o seu papel.

Sim, minha mãe me ensinou. . .

Minha mãe ensinou a VALORIZAR O SORRISO...
'ME RESPONDE DE NOVO E EU TE ARREBENTO OS DENTES!'

Minha mãe me ensinou a RETIDÃO...
'EU TE AJEITO NEM QUE SEJA NA PANCADA!'

Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS...
'SE VOCÊ E SEU IRMÃO QUEREM SE MATAR, VÃO PRA FORA. ACABEI DE LIMPAR A CASA!'

Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA...
'PORQUE EU DIGO QUE É ASSIM! PONTO FINAL! QUEM É QUE MANDA AQUI?'

Minha mãe me ensinou o que é MOTIVAÇÃO...
'CONTINUA CHORANDO QUE EU VOU TE DAR UMA RAZÃO VERDADEIRA PARA VC CHORAR!'

Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO...
'FECHA A BOCA E COME!'

Minha mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO...
'ESPERA SÓ ATÉ SEU PAI CHEGAR!'

Minha mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA.....
'CALMA... QUANDO CHEGARMOS EM CASA VOCÊ VAI VER SÓ...'

Minha mãe me ensinou a ENFRENTAR OS DESAFIOS...
'OLHE PARA MIM! RESPONDA QUANDO EU TE FIZER UMA PERGUNTA!'

Minha mãe me ensinou sobre RACIOCÍNIO LÓGICO...
'SE VOCÊ CAIR DESSA ÁRVORE VAI QUEBRAR O PESCOÇO E EU VOU TE DAR UMA SURRA!'

Minha mãe me ensinou MEDICINA...
'PÁRA DE FICAR VESGO, MENINO! PODE BATER UM VENTO E VOCÊ VAI FICAR ASSIM PARA SEMPRE!'

Minha mãe me ensinou sobre o REINO ANIMAL...
'SE VOCÊ NÃO COMER ESSAS VERDURAS, OS BICHOS DA SUA BARRIGA VÃO COMER VOCÊ!'

Minha mãe me ensinou sobre SEXO...
'... E COMO VOCÊ ACHA QUE VOCÊ NASCEU?'

Minha mãe me ensinou sobre GENÉTICA...
'VOCÊ É IGUALZINHO AO SEU PAI!'

Minha mãe me ensinou sobre minhas RAÍZES...
'TÁ PENSANDO QUE NASCEU DE FAMÍLIA RICA É?'

Minha mãe me ensinou sobre a SABEDORIA DE IDADE...
'QUANDO VOCÊ TIVER A MINHA IDADE, VOCÊ VAI ENTENDER.'

Minha mãe me ensinou sobre JUSTIÇA...
'UM DIA VOCÊ TERÁ SEUS FILHOS, E EU ESPERO ELES FAÇAM PRÁ VOCÊ O MESMO QUE VOCÊ FAZ PRA MIM! AÍ VOCÊ VAI VER O QUE É BOM!'

Minha mãe me ensinou RELIGIÃO...
'MELHOR REZAR PARA ESSA MANCHA SAIR DO TAPETE!'

Minha mãe me ensinou o BEIJO DE ESQUIMÓ...
' SE RABISCAR DE NOVO, EU ESFREGO SEU NARIZ NA PAREDE!'

Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO...
'OLHA SÓ ESSA ORELHA! QUE NOJO!'

Minha mãe me ensinou DETERMINAÇÃO.....
'VAI FICAR AÍ SENTADO ATÉ COMER TODA COMIDA!'

Minha mãe me ensinou habilidades como VENTRÍLOQUO...!
'NÃO RESMUNGUE! CALA ESSA BOCA E ME DIGA: POR QUE É QUE VOCÊ FEZ ISSO?'

Minha mãe me ensinou a SER OBJETIVO...
'EU TE AJEITO NUMA PANCADA SÓ!'

Minha mãe me ensinou a ESCUTAR...
' SE VOCÊ NÃO ABAIXAR O VOLUME, EU VOU AÍ E QUEBRO ESSE RÁDIO!'

Minha mãe me ensinou a TER GOSTO PELOS ESTUDOS...
'SE EU FOR AÍ E VOCÊ NÃO TIVER TERMINADO ESSA LIÇÃO, JÁ SABE!!!'

Minha mãe me ajudou na COORDENAÇÃO MOTORA...
'JUNTA AGORA ESSES BRINQUEDOS! PEGA UM POR UM!!'

Minha mãe me ensinou os NÚMEROS...
VOU CONTAR ATÉ DEZ. SE ESSE VASO NÃO APARECER, VOCÊ LEVA UMA SURRA!'

Esta era a educação dos velhos tempos, hoje tão condenada pelos advogados, psicólogos e pedagogos, mas funcionava. Forjou homens de têmpera, respeitadores, honestos e patriotas.
A educação moderna deu no que deu: pessoas de moral fraca, mal-educadas, corruptas e que, via de regra, adoram se pendurar num cargo do governo ou num partido político.

E que me desculpem os modernos pedagogos, mas isso é o que eu penso, resultado do que vejo, ouço, vivencio, diariamente, em minha prática docente.


Eu respondi:

Terezinha, não peça desculpas. Você, eu e milhões de pessoas pensamos igual. A modernidade, o excesso de teorias, a falta de limites e a inversão e/ou a ausência de valores estão criando um homem vazio, hipócrita, superficial. Minha mãe me batia todos os dias, sempre por um motivo diferente. Eu brincava de bolinha de gude, carrinho de rolimã, com latas, pique, jogava futebol... e nem por isso fiquei traumatizado, precisei de psicólogo e nem virei viado.
Por estas e outras que não estranho mais ao ouvir as pessoas dizerem que sentem saudade da ditadura...

Sergio Batista

terça-feira, 5 de maio de 2009

O velho pedreiro e o professor

O velho pedreiro

Um velho pedreiro que construía casas estava prestes a se aposentar.
Ele informou ao chefe do seu desejo de se aposentar e passar mais tempo com sua família. Ele disse que sentiria falta do salário, mas realmente já tinha cumprido sua missão na empresa e era a hora de parar.
A empresa não seria muito afetada com a saída do velho pedreiro, mas o chefe estava triste em ver um bom funcionário partindo e pediu-lhe para trabalhar em mais um projeto, o último, como um favor.
O pedreiro não gostou, mas acabou concordando. Foi fácil perceber que ele não ficou satisfeito com a ideia. Assim ele prosseguiu fazendo um trabalho de baixa qualidade e usando materiais inadequados, e em alguns momentos, até de segunda mão.
Quando o pedreiro acabou, o chefe veio fazer a inspeção do projeto terminado. Era uma casa. Sem pestanejar, entregou-lhe as chaves e disse: "Esta é a sua casa. Ela é meu presente para você."
O pedreiro ficou muito surpreendido. Que pena! Se ele soubesse que estava construindo sua própria casa, teria feito tudo diferente...

Autor desconhecido

Este texto leva-nos a reflexão, nós, os atores desta educação moderna. As metáforas inseridas podem e são perfeitamente aplicadas em nossas posturas didático-pedagógicas, em nossas salas de aula, em nosso cotidiano. Em nossa vida.
Quando o professor, pelos mais diversos motivos, não proporciona um educação de qualidade ao seu aluno, as consequências deste "ato falho" eclodirão no futuro em forma de mais desajuste social, mais conflitos de identidade, mais inversão e/ou omissão de valores.
Por outro lado, há também outros atores que simplesmente não participam, ou melhor, participam omitindo-se. Preferem "fazer a sua parte", não faltam, não discutem, não reivindicam, são burocráticos. Apenas estão ali alimentando a máxima do "professor-sofredor", que ganha mal e trabalha muito.
É necessário re-construir, re-fazer a formação inicial, as bases têm e devem adotar outro discurso, lançar outro olhar sobre o que querem para si, para seus alunos, para sua escola, sua comunidade, sua cidade, seu país, seu planeta. E aqueles que já estão atuando nesta peça devem mudar seu roteiro, o cenário da vida, o ensaio. Será um bom começo nesta nova ordem sócio-tecnológica.

E você, como está construindo sua casa?

Sergio Batista - Mestrando em Letras e Ciências Sociais