quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Crônica (ou fábula) da educação moderna

O rinoceronte e a coruja

Certa vez, a coruja estava dando sua aula com todo carinho e dedicação. Ela não admitia lecionar sem amor e procurava sempre ter uma novidade, um novo autor, um novo livro para indicar ou comentar com seus alunos.
Estava sempre estudando, querendo o novo, pois acredita que o melhor caminho para a liberdade do homem é através da educação. É admirada e querida por todos, tanto pela sua dedicação como pelo seu conhecimento. Não há dimensões que não conhece. Não há formas de ensinar que desconheça, seja presencial ou a distância.
É uma coruja diferente. Se fosse humana, seria facilmente comparada àquela "mãezona" que nos acolhe, que queremos ter sempre perto para ouvir uma palavra amiga, para dizer o que queremos ouvir. Também seria facilmente comparada com a vovó, que tanto nos ensina com suas experiências e histórias.
É uma coruja tão amiga, tão doce que deixa suas corujinhas (ou seus corujinhas, se preferir) e o Sr. Corujão para nos ensinar, para nos mostrar que é possível sim, que nós podemos se levarmos a sério sua proposta.
E vocês acreditam que ainda tem uns passarinhos que reclamam? São aqueles que ainda não aprenderam a voar como ela ou com ela.
E o que o rinoceronte tem com esta fábula? (ou será uma crônica? Sei lá!)
É porque ele manda na escola da selva.
Numa de suas aulas, a coruja foi interrompida sutilmente e delicadamente por ele sobre um assunto que deveria ser tratado em particular.
Sem bater ou pedir licença, este quadrúpede entrou na sala e disse:
- Não admito que mudem o horário! Recebi várias mensagens e você não pode fazer isto. Eu quero os alunos no horário!
- Mas eu também não sabia. Isto ficou acertado antes e eu não tive culpa. Respondeu a coruja, envergonhada por ser repreendida na frente de seus alunos.
- O horário eu peguei na secretaria - intrometeu-se um aluno.
- Suas aulas estão marcadas para outro horário - falou outro.
Diante disto, o rinoceronte apertado por sua gravata, saiu e disse que resolveria na secretaria.
Nossa amada coruja ficou sem respiração.
O que fazer?
Foi profissional e não passou sua decepção para os alunos (mas acho que não conseguiu...). E deu sua aula, com a mesma determinação, com a mesma sapiência, com o mesmo amor. Mostrou que é e não está professora.
Quanto ao rinoceronte, fica aqui a moral da história: As pessoas são lembradas pelas coisas boas que fazem e que respeito não se impõe, se conquista.

3 comentários:

Profa Cristina disse...

Sérgio,
Verdades são ditas com tanta simplicidade, não é mesmo? Adorei.

Anônimo disse...

Olá!Sou professora universitária e gostei muito dessa fábula. Ela nos remete ao autoritarismo, ao desrespeito com que muitas vezes alguns falsos gestores fazem uso para se manterem no "poder".
Abraços
Leinha

Unknown disse...

Oi! Sou professora e amei essa fábula ela realmente nos faz refletir o ambiente escolar e os educadores com os quais trabalhamos e muitas vezes nos decepcionamos.
Gostaria apenas de saber o nome do autor se possível.