sábado, 6 de junho de 2009

EaD: resistências e mudanças

A Ead é realmente um tema polêmico. Há debates que vão desde a sua abreviatura - EAD, EaD, Ead, ED, se ocorre crase ou não - no tocante à palavra distância, até o uso da plataforma - moodle, e-college - etc. E o que me chama a atenção é o calor das defesas, a favor e contra.
Nesta quinta-feira, dia 04, participei do 7º Fórum Universitário Pearson cujo tema central foi A inovação no ensino superior, com a presença de palestrantes de peso, pelo currículo e pelo conhecimento sobre o assunto chamado EaD. Estiveram lá os professores Fredric Litto, Fábio Câmara, Gregório Ivanoff e as professoras Laura Coutinho, Edméa Oliveira, Gilda Helena e Teresa Jordão. No sábado, dia 06, participei dos debates promovidos pelo professor Valente, da UGF sobre A Web 2,0 e o second life na educação. E o que estes eventos têm em comum? A distância de quem acredita na Ead como uma ferramenta revolucionária, atual e imprescindível para a evolução e melhorar a qualidade do conteúdo do nosso aluno daqueles que nem querem ouvir falar dela. Pensam e acreditam que as relações entre aluno e professor devem ser construídas no cotidiano, no corpo-a-corpo, olho-por-olho, presencial.
Eu ainda estou formando minha opinião. Ñem tanto a tico, nem tanto a teco.
Reconheço e aceito a fala da Profª Teresa Jordão "Com as tecnologias, ou o professor está dentro ou o professor está fora." Entretanto, esta frase corrobora o que Bauman aponta em seu livro "Vida Líquida" ao dizer que "as identidades estão sendo montadas e assumidas" (p.09) , assim como em "Diante de tais competidores, os demais participantes do jogo, particularmente os que não estão ali por vontade própria, que não "gostam" de "estar em movimento" ou não podem se dar a este luxo, têm pouca chance. Para eles, participar do jogo não é uma escolha, mas eles também não têm a opção de ficar de fora." (p.11) A pergunta que suscito é: Será que a Ead está sendo "vendida" corretamente aos seus atores? A resistência dos professores chamados pelo Prof. Valente de GLS (giz, lousa e saliva) procede? Foi dito a eles, foi explicado o que é a EaD? Ou é mais uma ferramenta que os mestres estão encarando como "enfiar goela abaixo"?
Nesta seara, sinto falta de uma aproximação entre os dois polos. Sinto a falta de uma preocupação com a linguagem, com a semântica. O prof. Fredric chamou os alunos usuários da web de "promíscuos, diversificados e voláteis" e usou o termo multi-tasking para generalizar o conhecimento adquirido pelo estudante. E ele é o presidente a ABED - Associação Brasileira de Ensino a Distância.
Percebo a boa vontade das milhares de pessoas que apostam e acreditam na Ead como alavanca das mudanças sociais, que querem mudanças para um mundo melhor. Contudo, ainda há muito a se esclarecer, muito a fazer, muito a caminhar. Não por culpa dos "professores presenciais", mas pela cultura de se pensar que todos têm que ter o conhecimento que nós temos, pelas posturas impostas pelo capitalismo de que tudo e todos são consumidores/consumidos, onde a imortalidade adota o nome de reciclável.
E pensar em educação sem o dedo incongruente do capital é o mesmo que dizer que aquela pessoa morreu porque entrou na frente de uma bala perdida.
Antes que eu me esqueça, não ocorre crase na expressão a distância, salvo se esta aparecer determinada. Vejam os exemplos:

A educação a distância como meio de inclusão social (refere-se à educação)

A educação à distância de mil quilômetros (refere-se ao espaço físico)

6 comentários:

Marcelo Lopes disse...

Renomada Professora:
Estamos em pleno acordo, em afirmar que a presença do educador junto ao aluno é indispensável. E, mesmo que consideremos que "este profissional do ensino" não leve á sério seu ofício sua orientação fará com que cheguemos mais rapidamente a caminhada sozinhos na busca pelo conhecimento.
Porém tenho já meus 38 anos e mal completei o ensino médio (técnico e formação geral). Trabalho cerca de onze horas diárias e me valho de inúmeras casualidades para reservar espaço para família e lazer...
Estou preso ao velho ativismo da geração atual e não consigo enchergar uma solução mais próxima do que a educação a distância. Por isso vou tentar a CEDERJ e espero que ela funcione como inclusão social.Parabéns pelo seu trabalho.

Thera disse...

O belíssimo mundo virtual precisa ser muito bem entendido para que não se torne “desvirtual”, promotor de “desvalores” e fugas do mundo real, como sabemos que faz vítimas muita gente (ou seja, tanto o mundo real quanto o mundo virtual vitimizam muitas pessoas). Há aqueles que banalizam essas ferramentas e usam-nas apenas para aparecerem nas estatísticas da escola como professores engajados às novas tecnologias. Porém, não estamos diante de um discurso de “ôba-ôba”. Utilizar essas ferramentas requer preparo, dedicação, discussões como essas que aqui desenvolvemos, participar de encontros, cursos de formação continuada, leituras, elaboração de projetos muito bem estruturados.
Um Curso a Distância / Ensino a Distância pode ser muito valioso para muitas pessoas. Por exemplo, minha filha é aluna de Fisioterapia na UNIGRANRIO e de Pedagogia pela UERJ. Na UERJ ela faz EaD. A Plataforma CEDERJ viabiliza vários cursos muito bem encaminhados, com salas de tutoria virtual, tutoria presencial, fóruns, avaliações a distância e avaliações presenciais. Realmente ainda são muitas as inquietações quanto a essa modalidade de ensino, mas certamente quem as têm são aqueles que ainda não participaram ativa e responsavelmente dessas oportunidades que estão sendo cada vez melhor organizadas, importantes e promotoras de valores de cidadania.
Os professores não precisam sentir-se ameaçados em sua prática pedagógica. Quem atua nos EaDs são profissionais com formação adequada aos cursos que ministram virtualmente. Há, por trás desse ensino, pessoas reais preparadas para atuarem na função de tutoria fortalecendo os ideais de interatividade.Basta valer-se dessa modalidade de ensino com compromisso. O mesmo que temos com o Ensino Presencial.
(Terezinha Fatima Martins Franco Brito - Mestrado em Letras e Ciências Humanas - UNIGRANRIO)

Sergio disse...

Marcelo, faça sim a EaD, pois ela proporcionará seu crescimento. Há cursos maravilhosos e professores fantásticos nesta modalidade de ensino. E para você, que particularmente estivemos juntos por um bom tempo e e conheço sua rotina profissional, será utilíssimo.

Sergio disse...

Therezinha, eu tenho o cuidado com minhas palavras sobre este tema para que as pessoas não pensem que sou retrógado, que não enxergo os benefícios das tecnologias na educação. O professor, de uma forma ou outra, não pode ficar de fora desta nova realidade. O mundo virtual existe e várias pessoas nele "moram", por gostar ou falta de opção.
O que ainda não compreendi é como o professor será inserido neste contexto. Partirá dele buscar esta inserção ou receber um note book é o suficiente para fazê-lo se movimentar?
Há tantas indagações, tantas dúvidas...
Ainda estou formando meu conceito sobre o tema.

Unknown disse...

Na educação a EaD vem trazendo uma oportunidade muito grande também para pessoas que moram longe das Universidades, de se formarem, neste sentido vem colaborando com o mercado de trabalho, inclusive em educação.Um exemplo disso é o Caso de cidades que não dispõem de professores de determinadas áreas do conhecimento para atuarem em suas redes de ensino e então essa modalidade de ensino pode ser oferecida a distância, trazendo assim a oportunidade para formar estes profissionais, proporcionando-lhes oportunidade de trabalho. E para a comunidade o profissional que irá atendê-la. A EAD atinge perspectivas culturais,sócio-políticas,econômicas e principalmente pedagógicas. Tem trazido oportunidades para pessoas que não tem condições de estudar, por morarem longe das Universidades, formação para políticos, empresários, cursos de empreendedorismo para comunidades afastadas. Pode-se falar aqui incansavelmente de suas aplicações.
Porém uma de suas mais importantes aplicações é na democratização dos saberes, que vão impulsionar pessoas, mercados e a sociedade a dar um salto de qualidade no conhecimento proporcionando assim que localidades isoladas tenham acesso ao conhecimento e a formação, promovendo o desenvolvimento pessoal e do espaço ( em uma perspectiva geográfica ).
O grande desafio da EAD é desenvolver propostas que ultrapassem a visão bancária da educação ainda muito presente na educação presencial, não se quer instrução a distância e sim educação, onde os educandos possam estar interagindo, desse modo a aplicação desta modalidade de educação deverá estar sempre voltada a orientação e avaliação da aprendizagem, permeados pela interatividade, através da participação, bidirecionalidade e permutabilidade.

Cristina Novikoff disse...

Marcelo,
É isto aí. Nada de parar de estudar por razões de deslocamento ou tempo passado sem estudos. A EaD é o caminho para quem quer vencer, superar obstáculos que exigem mais estratégias mentais que físicas. Sucessos.
Profa Cristina