segunda-feira, 15 de junho de 2009

FUNDAMENTALISMO E IDENTIDADE


FUNDAMENTALISMO E IDENTIDADE

Castells (1999) em seu livro “A sociedade em rede” nos leva a uma reflexão e análise que as mudanças sociais são tão drásticas quanto os processos de transformação tecnológica e econômica. A violência em que vivemos com os grupos armados que se tornaram informatizados e globalizados; o patriarcalismo em várias sociedades foi enfraquecido pelas lutas feministas, rompendo assim com as reproduções culturais e como conseqüência a redefinição fundamental da família, da sexualidade e personalidade; a consciência ambiental das instituições sociais e seus valores são manipulados pelas empresas e burocracias; o meio político está em crise estrutural de legitimidade; os movimentos sociais estão fragmentados em seus mundos interiores e com alguns momentos de brilho na mídia. Diante desse mundo de mudanças confusas e incontroladas os indivíduos tendem a reagrupar-se em torno de identidades religiosas buscando segurança pessoal e coletiva. Nesse mundo de fluxos globais de riqueza, imagens e poder a busca da identidade, coletiva ou individual, atribuída ou construída, passa a ser “a fonte básica de significado social” colocando como uma forma de solucionar os problemas, e muitas vezes ao desligarem o ser, o ser individual ou coletivo constrói o seu significado sem referência global da lógica de dominação estrutural, formando grupos que ficam encerrados em si mesmos e na auto-afirmação de valores e sentidos definidos como forma de proteção diante de um sistema que os exclui.
O autor acredita na racionalidade e na possibilidade de se utilizar a razão sem a captura pelo fundamentalismo. Acredita no poder libertador da identidade que é capaz de localizar qual é o processo de transformação tecnológica revolucionária no contexto social em que ele ocorre e pelo qual está sendo moldado.
Diante dos exageros de alguns seguidores do fundamentalismo cristão, islâmico, judeu, budistas, podemos questionar qual seria o papel da religiosidade como verdadeiro ato social na construção de um mundo melhor?

Cora Fortes Beleno.

3 comentários:

Sergio disse...

Cora, este homem difuso, acelerado, multicultural na verdade é "um ser perdido", sem raízes. A velocidade, a qualidade e a quantidade das informações constroem uma pessoa superficial, cujos valores são constantemente invertidos ou simplesmente abolidos.
A religiosidade e a fé por serem subjetivas, exigem um comprometimento interno de cada um.
Mas como fazê-lo, como alimentar esta fé se as instituições que dela deviam cuidar estão sempre envolvidas em escândalos?
Mesmo assim o que se vê é a ploriferação de religiões e templos.
O que ocorre é a busca de um porto seguro, de uma nova atitude diante deste mundo moderno, que muitos só enxergam na religião.
Esta, por outro lado, adapta-se também a modernidade e no lugar de contribuir para nortear este cidadão, procura apenas suprir o desejo momentâneo, daquele instante.
A religião é importante para a formação humana, mas é necessário cautela nos caminhos escolhidos para se construir um conceito religioso, sem radicalismos ou exageros.

Marcelo Lopes disse...

Me permitam os mestres:
Na verdade, a história da construção da sociedade tem mostrado que o homem do nosso tempo está cada vez mais distante e indiferente à religião ou religiosidade... Temos nos tornado céticos demais, pragmáticos demais. E, estes fatores somados ao ativismo, banalidade e egocentrismo dos homens do nosso tempo, é que tranformam a sociedade nisto que temos visto por aí. A crença, como qualquer outra ideologia aproxima - não afasta - as pessoas.
Verdade também é que, os escândalos cometidos pela liderança de qualquer seguimento (religioso,empresarial, acadêmico, esportivo, etc...), serão agigantados e desastrosos porque - num primeiro momento - tomarão forma de traíção aos valores tão enfaticamente defendidos, frustrando alunos, colaboradores ou discípulos. Como diz a música: "Assim caminha a humanidade...".
Cabe a nós colher de tudo e reter o que é bom.
Um abraço.

Davidson dos Santos disse...

Davidson dos Santos-Bolsista FAPERJ do Mestrado Acadêmico de Letras e Ciências Humanas da UNIGRANRIO.

O Papel da Religiosidade como Verdadeiro Ato Social na Construção de um Mundo Melhor

É bem verdade que a sociedade necessita por transformações sociais, e algumas vezes isso se faz visível através de visões extremamente fundamentalistas no que diz respeito a religiosidade. O interessante é notar que ao longo das Eras, o ser humano sempre necessitou estar sob a batuta dos messias para justificar seus atos. Inegavelmente,tais atos jamais condiziam com a essência original apregoada por um dito messias.

Para construir algo novo é necessária uma mudança de valores, sobretudo em nível axiomático nas ditas hermenêuticas da fé. Isso vale para quaisquer delas, sejam monoteístas ou não.

Não se deve dissociar os valores sociais com os valores de crença, uma vez que uma religião só se configura como tal, se for experienciada no nível mais profundo de um caráter comunitário.