domingo, 26 de abril de 2009

DEBATE


Ao assistir o "globonews painel", canal 40, com o William Waack, me deparei com duas questões que sempre me interessam. A primeira refere-se ao "debate". A segunda, ao "papel da sociedade nas mudanças" políticas, sociais, educacionais, etc. Aquele é fundante deste. O debate é sem dúvida, uma matéria morta na escola de competências atuais, ou seja, escola incompetente. Estamos sustentando esta idéia porque como, importante estratégia, o debate é sufocado com a idéia de "consenso" que se utilizam/apelam os conservadores da demagogia, como sendo necessário adotar para sairmos "bem na fita" junto aos diretores, os colegas, os pais e os alunos. Aí não ser de bom tom discutir as normas, regras, corrigir os erros da aprendizagem, provocar a crítica, demonstrar as inquietações que são originárias das percepções de poucos frente ao ensino. Mas como debatedora por natureza, digo que o debate exige conhecimento, articulação entre oratória e pensamento, exercício prático de elucidações e boa dose de coragem para mostrar a cara e, é o que proponho aqui, vamos mostrar a nossa visão, entendimento do que seja ensino-aprendizagem.
Qual a função do debate enquanto estratégia de ensino-aprendizagem? Qual a relação deste com a força de mudanças para/da sociedade?

8 comentários:

Thera disse...

Sempre gostei de debates. Considerava um momento das aulas onde podíamos expor nossos pensamentos, as opiniões sobre os fatos. E também era interessante quando havia discordâncias, pois percebíamos diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto e que todos tinham suas razões e suas argumentações respeitadas. No final não havia vencidos, nem vencedores. Ou sim, havia. Vencia a aula que oportunizava a partilha de idéias. Saíamos enriquecidos com o “duelo” do vernáculo! Por que usei os verbos no passado? Porque há poucos professores que promovem o debate, pois consideram que a aula vira “bagunça” e a inspetoria de disciplina /coordenação / direção ao passar pelos corredores vai julgar que o professor não tem domínio de classe. Quando, ao contrário, o aluno está ali ávido para participar e o professor conseguindo despertar o interesse da turma! É importante conhecer o profissional. Considera-se que dominar a classe é ter uma turma de quarenta alunos de boca fechada cumprindo as tarefas propostas. É isso que a sociedade quer de nós educadores e educandos?
(Terezinha Fatima Martins Franco Brito - Mestranda em Letras e Ciências Humanas - UNIGRANRIO)

Sergio disse...

Se a polêmica é o combustível do conhecimento, o debate é a sua porta de entrada. Mas... eu debater? Bagunçar minha aula? Gastar minha voz? Estes alunos nem sabem o que querem e serei eu a dizer isto para eles? Eu ganho para isto? Quem de nós nunca ouviu estas interrogações...
O debate é uma prática educacional riquíssima onde o aluno quer participar, quer se expor, quer dizer o que pensa, independente da faixa etária. É neste diálogo que muitos conceitos são introduzidos, muitas regras são aprendidas, a retenção do conhecimento se faz naturalmente.
Contudo, devemos ter a preocupação em conduzi-lo de forma coerente e direcionada, sob a pena de, aí sim, virar bagunça.
Costumo fazer oficinas de leitura, interpretação e produção de textos onde o aluno expõe sua opinião, diz o que entendeu, mostra para a turma sua interpretação. E quando a coisa está "morna", provoco-os com uma opinião radical ou esdrúxula, justamente para despertá-los.
Em poucas escolas vejo o professor perguntar, vejam bem (parece propaganda de cimento), somente perguntar, à diretora sobre determinado assunto mais "melindroso", pois não quer contrariá-la, não quer ficar, como disse a professora, "mal na fita", haja vista ele ter certos privilégios, como chegar atrasado e ninguém fala nada, faltar sem justificativa...
E a importância do debate não se restringe somente a sala de aula. Um bom debate sobre religião, ética, política, educação só faz os interlocutores crescerem, ratificando ou não suas posições.
Devemos incentivar esta pratica em todos os níveis, em todos os ambientes, pois a opinião do outro é muito importante, mesmo que não corrobore com a nossa.
Vamos perder o medo de debater?

Sergio Batista, Mestrando da Unigranrio

Cristina Novikoff disse...

Thera,
A euforia do debate é parte do porcesso. Temos que ensinar nossos alunos algo que eles precisam dominar: a arte de debater. O que infelizmente acontecem nas escolas é uma balburdia, descontrole. O que me refiro é o argumentar sobre um tema, e a auto-avaliação do discurso e avaliação dos colegas. Há técnicas para tal. Aqui me refiro a thcne - a arte elaborada pelo sensivel, estético e ético em busca do conhecimento pela linguagem.

Cristina Novikoff disse...

Sérgio,
É isto mesmo! Devemos apoiar a elaboração de opiniões, respeitando os melhores argumentos e não os mais gritos mais autos. devemos exercitar o debate como "competências" e materializar o verdadeiro sentido da educação: ser e fazer um ensino-aprendizado critico.

Jeanne Barros Antunes disse...

Quando li o texto me deparei logo com a questão do debate que mim interessa muito. Levou-me a pensar em qual é a função do debate enquanto estratégia de ensino-aprendizagem e qual a relação deste com a força de mudanças para/da sociedade. Primeiramente me fez lembrar de Durkheim que destaca sempre o aspecto coercitivo da sociedade frente ao indivíduo quando questiona algo em forma de debate e principalmente se vai levar a uma mudança de paradigma. Já para Parsons, ele afirma que se faz necessário uma complementação do sistema social e do sistema de personalidade, ambos os sistemas têm necessidades básicas que podem ser resolvidas de forma complementar desde que não seja alterado o sistema.
De acordo com Durkheim bem como Parsons, a educação não é um elemento para a mudança social, e sim , pelo contrario, é um elemento fundamental para a conservação e permanência do funcionamento do sistema social para aquela sociedade.
Uma corrente oposta a Durkheim e Parsons estaria constituída pela obra de Dewey e Mannheim que o ponto de partida para ambos autores é que a educação constitui um mecanismo dinamizador da sociedade e através do indivíduo que promove-se mudanças e debates para uma melhoria do processo de ensino e aprendizagem que possibilitará a esse indivíduo as mudanças sociais, pode-se citar Paulo Freire não somos caixas vazias e para tal precisamos debater e pensarmos que só assim teremos docentes consciente e preparados para contribuir na formação de cidadãos dessa sociedade castradora e repressora. A educação não é repressora é vida, é transformação, é questionadora, é debate e para isso necessitamos do conhecimento.
Jeanne Barros Antunes (Mestranda em Letras e Ciências Humanas – UNIGRANRIO)

Marcelo Lopes disse...

Debates? Sim são didáticos. Ao expor o que pensamos, recebendo um feed back imediato dos nossos ouvintes, geralmente clarificamos idéias que estavam obscuras dentro de nós. Quando medimos teses e experiências aumentamos a percepção de conceitos e idéias que nos ajudarão a entender o sentido da vida. Verdade também é que, temos um medo natural da exposição porque nossa insegurança em fazer afirmação se dá ao fato de que quando definimos verdades nos comprometemos com elas e expurgamos todos os que lhe são contrários. Debater é uma arte que traz entendimento porém não devemos registrá-lo tão fortemente no íntimo porque sua interatividade requer uma contextualização cotidiana em todo e qualquer assunto.Gosto de debater porque gosto de ouvir e também de falar e nessa troca de informações sempre sairemos mais sábios.

Anônimo disse...

Por que nao:)

Cristina Novikoff disse...

Marcelo,
Este blog esta precisando de mais debates e, para tal retomaremos nossas atividades em breve.