quarta-feira, 29 de abril de 2009

Educação de qualidade para todos

Lendo o resultado do ENEM de 2008, divulgado hoje pelo INEP, ocorreu-me dois pensamentos: um estarrecedor e outro ratificador.
Estarrecedor porque não há nenhuma escola pública que atende a grande massa populacional entre as 500 primeiras colocadas. Ora, num universo de quase 25 mil escolas avaliadas, segundo a matéria divulgada no site ig.com.br, quase 90% estão abaixo do esperado. O que vemos são as chamadas instituições elitizadas, ou seja, as particulares, os CAPs, os Colégios Militares e o Pedro II ocupando as posições de destaque.
Elas não têm culpa deste resultado.
Não foram elas que criaram este sistema.
Mas o alimetam.
Nas demais, há exceções entre os alunos e uma ou outra se destaca.
Alguma coisa está errada e precisa ser corrigida.
Ratificador no tocante a minha defesa por uma educação de qualidade para todos. Não é possível aceitar mais tamanha discrepância, tamanha exclusão.
Dói. E muito.
NÓS somos responsáveis por esta situação e cabe a NÓS, todos os envolvidos com educação, independente do grau de escolaridade, mudá-la. Vamos expor nossas ideias, protestar, publicar, mobilizar, arregimentar as mentes mais pensantes e influentes para engajarem nesta cruzada. Precisamos reverter este quadro.
E rápido.
Simplesmente ficar sentado na poltrona do conforto não resolve nada. Omitir-se, fechar os olhos para esta triste realidade, para esta violência que a cada dia se aproxima mais de nossa porta, que ceifa vidas inocentes é dar um tiro no próprio pé.
É esperar para ser a próxima vítima.
Precisamos de um escola includente, uma educação emancipatória, libertária, que proporcione crescimento, lições de cidadania, ética, que acabe com a fome social, que mostre àquele aluno o seu valor e sua capacidade.
Que dê a ele a chance de fazer uma nova leitura de si e de mundo.
Não sendo assim, continuaremos a ver no ENEM e em outras formas de avaliação sempre as mesmas escolas, sempre os mesmos nomes.
E nossas crianças, como ficarão?

Sergio Batista - Mestrando em Ciências Socias e Letras pela Unigranrio

3 comentários:

Cristina Novikoff disse...

Sérgio,
Sensacional sua mensagem.
Os resultados do Enem 2008. Apontam para outra direção/sentido de "tradicional". Contradição? Teorias fracas? O que dizem as teses sobre educação tradicional? Continuo apostando na idéia e na teoria de que o ensino tradicional ainda é uma educação para líderes. Para os que podem pagar. "São Bento, Santo Inácio, Santo Agostinho...haja "santo". O que fazem estas escolas? O que os professores fazem? Qual a estrutura física, administrativa oferecem? sabemos que o ensino é tradicional mas, sem ser alienado. Atualizam a linguagem, variam na busca de potencializar os conhecimentos, os conteúdos, as normas disciplinares, enfim, educam para a vida e para manter as posições de primeiros no ensino. Por que as "estatais" não chegam entre as três primeiras? Em sua maioria, as filhas do governo guardam as últimas posições. adotam pedagogias modernas? Fala sério! São retrógradas, sem estrutura, sem condições dignas de trabalho, pagam muito mal os professores, recebem mal os alunos e pais. O que o governo vai fazer com mais um fracasso? Sugiro incluir orientadores educacionais; salários dignos, aumento de tempo na escola para todos. Dedicação é fundamental. Vamos pesquisar?

Sergio disse...

Professora, postarei outro texto que concatena com seu comentário.

Jeanne Barros Antunes disse...

Quando li esse artigo me fez repensar as cotas para deficientes. Quem é deficiente na verdade e que precisam de cotas? O problema do ensino não passa pelas cotas, isso é demagógico, pois não atende as reais necessidades dos mais pobres e deficientes. Que deficiente precisa de cotas? O que está na cadeira de rodas ou o deficiente de ensino? Se for criada uma regra geral vai aparecer deficiente aos montes, porque essa estatística do ENEM é de uma maioria e não de uma minoria. O que vem a ser o ensino no Brasil. Mesmo com essa estatística a que é melhor não e bom, temos um problema de cima para baixo.
Esse resultado não me traz surpresa é triste eu como educadora falar dessa forma, porém as escolas públicas estão ruins e as particulares são melhores não quer dizer boa, algumas federais se destacam. Há uma desigualdade excludente na qualidade do ensino tanto nas escolas públicas quanto nas privadas, mas o que se percebe que o setor público está muito ruim.
O ensino privado recebe alunos de um maior poder aquisitivo, de famílias com maio escolaridade. As escolas particulares estão interessadas em ter melhores resultados e não uma qualidade de ensino, pois estão competindo no mercado e ninguém quer dividir a fatia do bolo. Na escola pública grande parte funciona de noite, não tem sistema de estímulo à qualidade, recebe os alunos mais pobres, com mais limitações.
Devemos no unir para realmente protestarmos e lutarmos por uma educação menos excludente porque se não fizermos isso como educadores estaremos fazendo parte do sistema e continuaremos ter cidadãos marionetes nas mãos de nossas autoridades. E devemos lembrar que a educação é direito de todos pela Constituição e não informa que é para alguns grupos de uma determinada camada social.
Jeanne Barros Antunes (Mestranda em Letras e Ciências Sociais – UNIGRANRIO)